Joalheria de Arte
A joalheria da antigüidade era representada por amuletos. A contemporânea é orientada por símbolos culturais e poéticos, de acordo com os desenvolvimentos em todos os setores de arte que, por sua vez, provém dos processos de evolução do homem. Essencial na poesia, a metáfora é a linguagem das imagens. Símbolos e metáforas diferem, mas se interligam, ao evocar e narrar. Para se avaliar a estética de uma jóia, que lida com as questões das artes liberais, considera-se a essência do design, buscando por estruturas poéticas tanto na concepção, quanto na composição da peça, e por elementos metafóricos ou simbólicos significativos. Na joalheria, materiais alternativos são experimentados na medida em que reafirmam as intenções nas mensagens artísticas. A primeira grande mostra de jóias contemporâneas foi em 1961 no Goldsmiths’ Hall de Londres. Essa exibição deu impulso ao movimento de que o uso de recursos alternativos na joalheria não se traduz em insignificância artística. Verificava-se na época, quanto mais valorosa fosse uma gema, menos imaginativa e estética era sua cravação, visando fins lucrativos. Falta de ouro e outros materiais preciosos na Alemanha Oriental, fizeram com que seus artistas recorressem aos sintéticos e reciclados para compor suas peças, como ocorrera no período Art Nouveau e Déco. O surgimento de algumas galerias só para jóias de arte foi oportuno, coincidindo com a atribuição de qualidades formais a essa joalheria.
Coleção Verão 2009
O cenário constante da população que vive em grandes cidades é de um trânsito caótico, que gera e potencializa o estresse em diferentes horas do dia. Desde o momento em que saímos de casa até o momento em que voltamos, somos engolidos por congestionamentos, agressões verbais, vendedores ambulantes, pedintes, e ali presos nos sentimos impotentes em meio a todos esses transtornos. Todos esses inconvenientes poderiam ser evitados se os dois principais geradores desse caos fossem resolvidos: primeiramente uma solução para o sistema de transporte público urbano. A grande maioria da população, usuária dos meios públicos de transporte, sofre com a ineficiência do mesmo. Superlotação, violência e outros fatores que fazem com que todos queiram ter um veículo próprio, livrando-se de todos os aborrecimentos e ao mesmo tempo propiciando uma economia de tempo durante o seu dia. O desejo de possuir um carro se torna realidade devido às facilidades oferecidas pelas lojas e concessionárias, contribuindo para o aumento da frota, o que para o trânsito é péssimo, uma vez que a tendência é que as vias da cidade fiquem cada vez mais saturadas e, em detrimento disso, chega-se ao segundo grande causador de todo esse caos: as vias públicas não acompanham o crescente número de carros nas ruas. A construção de novas vias, viadutos e amplificação deveriam ser obras contínuas na cidade à medida que o número de automóveis circulantes crescesse. Mediante a isso, podemos voltar nosso olhar para o passado e perceber que os mesmos erros de falta de planejamento persistem, quando o tráfego de automóveis aumenta consideravelmente nas ruas devidos às oportunidades e facilidades que vieram com a chegada do carro popular, e que continuam em voga.
Ao observar o trânsito em Salvador, fruto do borbulhamento da cidade, pôde-se referenciar este trabalho através de simbolos que nos remetem às luzes dos faróis, à confusão visual gerada pelo grande fluxo de carros nas ruas, implícitos nas cores, formas e materiais utilizados na confecção das jóias, escolhidas através dos signos extraídos da visão do condutor dentro do trânsito caótico: as luzes das lanternas e faróis de automóveis, paradas e em movimento são simbolizadas pelas gemas de tonalidade incolor, os cristais, amarelas e alaranjadas, a citrino, os quartzos rutilados , as granadas na tonalidade vermelha, a greengold amarela com leve tom esverdeado, a topázio azul de tonalidade bem clara e cristalina, quase transparente e a gema ônix em um tom acromático, o preto. A cor cinza aparece na coleção simbolizando o asfalto através do metal nobre, a prata e o aço inoxidável.
Formas sinuosas, emaranhados de fios e gemas, oriundas da observação aérea do trânsito, de cruzamentos de ruas transversais e do movimento dos automóveis cruzando em filas, referências imagéticas que nos remetem ao fluxo de carros e traduzem a grande confusão visual do engarrafamento.
Em protesto ao caos urbano decorrente do crescimento desenfreado das grandes cidades, causador da atual situação do trânsito , nasce a inspiração para a ORQUESTRA DO CAOS.
EDITORIAL
COLEÇÃO DE INVERNO 2008
Estação
Outono/Inverno 2008
Inspiração
Corpo. Máquina. Movimento.
Referências
Art decó. Indústria. Joalheria de Arte.
Conceito
Sob o título Maquinista, essa coleção ao primeiro instante parece ser apenas conceitual e nada usável no que se refere ao movimento dos corpos. Aparência errônea, que é mudada e esclarecida no momento da prova, quanto ao aparente desconforto e inviabilidade de uso no cotidiano é descartada e as potencialidades das peças se ampliam. Uma coleção avessa a formas repetitivas, ditas convencionais e à ostentação baseada apenas no valor material. "Às vezes um material ‘não precioso’ é muito mais precioso que um brilhante” (Miriam Mamber).
O tema “Maquinista” está associado ao poder que a pessoa tem de usar a peça (um brinco, um anel, uma pulseira, um colar...) de diversas formas e em diversos lugares do corpo, moldando anatomicamente e tratando o indivíduo que a usa como o maquinista da coleção.
O projeto Maquinista é composto por jóias longilíneas que se moldam ao corpo, em formatos geométricos, característicos do período Art decó, dando ênfase à proposta conceitual de jóia-arte. Jóias de prata com as gemas em ônix, granada e cristal com o design inspirado no conjunto de peças relacionadas ao funcionamento das máquinas: engrenagens, óleo, motores, entre outros.
Editorial MAQUINISTA
A Geometria do Tempo
Relógio de aço inoxidável e acrílico, faz parte da coleção A Geometria do Tempo, inspirada numa das arquiteturas art decó mais conhecidas, localizada em Salvador, o elevador Lacerda.
Agradecimentos: André Castro (ourives), Mendonça (relojoeiro), Luana Pereira (modelo).
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